CABEÇALHO-Pintura oferecida à Escola Secundária Augusto Cabrita, pelo pintor do Barreiro Kira, em homenagem ao seu amigo Augusto Cabrita.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

 

As Palavras do Natal

As palavras para descrever e interpretar o Natal são sempre daquelas que viajam pelo interior da pele e que nascem fundo no coração.

 

1) O Natal do calendário é o anunciar dos dias iniciais da luz pagã que será flor, erva e ninho na primavera e promessa de frutos no verão;

 

2) O Natal do nascimento de Jesus Cristo é a glorificação de Deus nas alturas e na fé dos homens em dias de harmonia e de salvação da humanidade;

 

3) O Natal em Cristo é o acreditar que os homens na terra são capazes de se redimir dos pecados e iniquidades cometidas;

 

4) O Natal da Árvore é o signo da alegria de ter o ponto mais alto iluminado de luz cristalina no escuro da floresta dos povos pagãos;

 

5) O Natal do madeiro, do fogo e do calor, expressa a vontade comunitária e familiar de socialização e comunhão à lareira;

 

6) O Natal das oferendas é a simbologia da partilha entre os mais pobres e necessitados. Como Cristo necessitou de ajuda para sobreviver, também nós precisamos de partilhar com os mais pobres e apoiar os mais frágeis;

 

7) O Natal da mesa, é a necessidade de reunião familiar e da amizade em torno da mesa farta dos frutos colhidos;

 

8) O natal é recolhimento e reflexão, é alegria, partilha e harmonia;

 

9) O Natal é também a força da renovação de desejos de harmonia e paz entre a comunidade e  a família;

 

10) O Natal será sempre um momento interior de reflexão sobre os nossos atos e comportamentos individuais e sociais.

 

O Natal é a viagem pelo interior da pele e pelos sentimentos de pertença e comunhão entre nós que moram no coração.

 

Glória a Deus, para quem é de Deus!

Glória ao Filho, o Salvador!

Glória à Árvore e ao Madeiro!

Glória à Luz!

 

Feliz Natal para toda a comunidade educativa!

 

A Equipa da Biblioteca Escolar

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Contos de fadas e contos tradicionais.

 


 “Hoje, muitos dos nossos filhos, estão totalmente privados da oportunidade de conhecer os contos de fadas. A maior parte das crianças de hoje toma conhecimento dos contos de fadas em versões embonecadas e simplificadas as quais abrandam o seu sentido e lhes roubam qualquer significado mais profundo.

Durante a maior parte da história do homem, a vida intelectual da criança, dependia de histórias míticas ou religiosas e de contos de fadas.”

Bettelheim, Bruno (2008). A Psicanálise dos Contos de Fadas. Bertrand Editora, 13ª edição, Lisboa. pp 34-35


Os Contos Tradicionais. ERA UMA  VEZ...

Contar para dar sentido à vida

1. Ignora-se a época em que foram concebidos. A sua origem é intemporal, perde-se e confunde-se com o tempo primordial. São fundantes, rituais e simbólicos para configurar um sentido pessoal e social para a comunidade.

2. São uma literatura de tradição oral que apenas foi preservada pela repetição, pela transmissão oral de geração em geração. Foram séculos e até milénios de acrescento de pontos aos contos. O contador “profissional”, o pai, a avó ou vizinho animava junto à lareira ou à soalheira a curiosidade do iniciado, do jovem.

3. Os contos não foram uma literatura exclusivamente para crianças. Falam do destino, reproduzem a memória das coisas, contam as venturas e desventuras da comunidade. Num ambiente de ruralidade e de isolamento provocam a meditação sobre o destino e os valores inerentes da própria comunidade. Confrontam e problematizam a pessoalidade e contribuem para a socialização da criança.

  4. A partir do século XVIII ( Os Grimm; Perrault; Andrew Lang; Jorgen Moe e A. C. Andersen, entre outros...), através da recolha, compilação, escrita e reescrita direcionam estas histórias comunitárias e societais para a educação e formação da criança.

 5. O uso e difusão da imprensa na sociedade veio salvaguardar esta literatura tradicional de expressão oral e fê-la chegar até aos nossos dias. O trabalho de adaptação, depuração e adequação à sociedade atual e aos valores de uma certa universalidade de época, permitiu evitar o desaparecimento destes contos face às ameaças de outros meios e estilos de escrita . Assim, sem o esforço referido os contos teriam desaparecido e todas as pontes de ligação com a memória social e cultural teriam sido destruídas.

6. É verdade que a escrita adaptativa destas histórias ganham elegância no papel, retocam-se e ilustram-se e perdem alguma pureza e originalidade.

7. Sendo também verdade que alguns contos adaptados que hoje enchem os escaparates de qualquer livraria são bem menos elegantes e bem mais violentos e cruéis do que quando eram mediados pelo contador oralmente à fogueira em ambiente familiar ou  de grupo.

8. Ganhámos com a escrita adaptada em duas frentes: temos o prazer de fruir a versão estética e artística do adaptador e, temos, numa segunda frente, a versão mais pura e próxima do oral através dos investigadores da etnografia e folclore do século XIX – XX.

9. As histórias de lobisomens contadas pelos nossos avós à lareira eram arrepiantes e remetiam-nos para os urros e o bater dos cascos do bicho transformativo na terra dura da rua e, habitualmente, associava o bicho a uma pessoa conhecida da aldeia, o que tornava a coisa ainda mais terrifica e feérica.

10. Pela oralidade, pela escrita, pela reescrita adaptada e readaptada, pela escrita ilustrada, estes contos contribuíram e contribuem para a criança “lutar para dar um sentido à vida”

A  Equipa da BE

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

 


A Velha à Soalheira ou a Arte de Contar e Ensinar

Na Soalheira da Cal, rente à parede a velha fazia magia com as palavras, os tons e os gestos. Primeiro um gaiato, depois outro, e outro, e ainda outro, e a soalheira transformava-se num palco.

velha à soalheira  faz parte do meu imaginário, do meu mundo e da minha matriz iniciática e educacional. Nasci, cresci, abalei e regresso sempre a um pequeno povo (a minha aldeia onde vivo sempre na memória e na pele) de contadores, oradores e educadores, gente de muitos recursos de oratória, de imaginação e de mangações.

A velha à soalheira, sentada na cadeira de buínho, rodeada de gaiatagem de bico aberto àvidos das suas lembranças, errâncias e andanças marcou-me para sempre. Quando  a velha toma, para nós gaiatagem, a palavra, torna-a mágica, embrulha-a ora em casquinha fina, ora em linho ou saragoça, modela-a com a voz ora musicada, ora esganiçada, ora ritmada e leva-nos a todos no  colo do avental pelo mundo da imaginação, do fantástico, do maravilhoso, da educação, da sensibilidade e do conhecimento.

- São bruxas malfazejas que pela calada da noite fazem-nos mijar os lençóis para sabermos que nos portámos mal nesse dia - função moral;

- São fadas boazinhas que nos vêm buscar, com ternura e de mansinho, os dentinhos podres e trazer os sãos - Função psicoterapêutica;

- São lobisomens que pela noite de lua cheia com os seus uivos e bater de cascos na calçada nos atemorizam - Função social e preventiva sobre os perigos;

- São os medos que aparecem no poço da aldeia à meia-noite - Função de Vigilância (não é hora para a gaiatagem andar na rua);

- São as feiticeiras que na passagem do ribeiro deslocam a passadeira de pedra e espetam com o passante na água - Função de alerta para os perigos e função de cuidado e preocupação;

- São as almas penadas que andam amaldiçoadas até alguém as ajudar a chegar ao céu - Função de despertar o desejo de ajuda ao outro que sofre;

- São as mulheres caminheiras da noite pelas estradas escuras, envoltas em vestes negras - Função de respeito pela vida do outro e também de algum temor em relação ao desconhecido (quem vai,vai e quem está, está!)

- São as canções de roda, de embalar, de trabalhar e de fazer sonhar - Função simbólica de identidade e também de alegria, convivialidade e aprendizagem,

- São os homens chifrudos com pés de bode que correspondem àquele de que não se pode pronunciar o nome - Função maníqueista (o bem e o mal).

É tudo isto que faz da velha à soalheira, aqui no branco do sul, acolá no escuro do norte, uma contadora da memória coletiva, um livro contado e aberto da identidade de um povo, uma transmissora de ensinamentos, responsos, moralidades e terapias com uma função e prática educativa que desperta na criança a curiosidade, a compreensão e a liberta dos medos ou a confronta com os seus anseios.

Esta velha leva a gaiatagem ao engano, ao engano educativo, formativo  que provoca a avidez de saber e compreender. Ajuda a gaiatagem na viagem iniciática para o amadurecimento. Ajuda pelo poder da palavra, da arte de contar e encantar, a gaiatagem a crescer aprendendo a "ouver" e alimentando a curiosidade para saber mais e mais.

A minha velha à soalheira corresponde à matriz da tradição oral em que a palavra, o cenário, a sugestão, a sedução e o gesto aparecem como "armas" com um poder comunicativo  enorme da mensagem e do conhecimento comunitário. É a memória e a identidade que viajam até nós pela palavra!

É também nesta matriz que muitos contadores da palavra lida se inspiram.

A minha velha à soalheira foi a minha conselheira e educadora.

O papel da minha velha à soalheira é didático, iniciático, ético e cognitivo.

                                                                                                         Domingos Boieiro 

 

quarta-feira, 21 de julho de 2021



Os trabalhos apresentados foram realizados pelos alunos do 10º, 11º e 12º anos de escolaridade, do Curso de Artes Visuais da Escola Secundária Augusto Cabrita, nas disciplinas de Desenho A e de Oficina de Artes. 

A paixão, a motivação e o empenho em querer aprender e descobrir o caminho da comunicação através da Arte é patente nos trabalhos expostos.

A efemeridade da existência, quando tudo é matéria e se transforma, torna-se necessário fazer com que as coisas prevaleçam no tempo e no espaço. Torna-se imprescindível o registo da vida, dos momentos perdidos, roubados e/ou doados. O diálogo através da Arte, sem ideias pré-concebidas, sem limitação entre o que se observa e o que é observado. O apreender o aqui e o agora, o PRESENTE.

Registo de momentos, sem tempo e espaço definidos, sem limites. A arte que projeta o desígnio das coisas, que é a expressão de sentimentos, emoções, onde a mudança não permite a estagnação, onde tudo se transforma, onde as impressões invisíveis são tornadas visíveis. Lugar onde se expressa a conflitualidade interior, latente, que perdura num quotidiano rotineiro, que muitas vezes é transfigurado através de uma aparente normalidade. A reflexão e as suas inúmeras variáveis… aquela que nos permite poder fantasiar o real, transformando-o num momento único, quer seja de prazer ou como forma de exorcizar a alma. Este processo único leva o artista a registar num suporte, seja ele qual for, todas assuas reflexões, envolvendo-se e envolvendo o espectador nesse mundo etéreo, sublime.

    Os alunos foram orientados pela professora Sandra Burt.














quinta-feira, 20 de maio de 2021

 






 

 

Dia Mundial da Diversidade Cultural e para o Diálogo e o Desenvolvimento 

21 de maio de 2021

 

Este dia foi proclamado, pela Assembleia Geral da ONU em 2002, “Dia Mundial da Diversidade Cultural e para o Diálogo e o Desenvolvimento” em comemoração da aprovação em 2001 da Declaração Universal da UNESCO sobre a Diversidade Cultural. A declaração da UNESCO estipula que a diversidade cultural é um património comum da humanidade.

O objetivo desta data é cultivar a compreensão da riqueza e importância da diversidade cultural, assim como incentivar o respeito pelo outro. Conhecer melhor as diferenças entre os povos permite obter uma maior compreensão das vicissitudes, assim como cimentar uma maior união.

Neste dia realizam-se atividades em vários países do mundo para celebrar a diversidade cultural.

Porque no nosso agrupamento estudam crianças e jovens com raízes culturais referentes a trinta nacionalidades e num momento em que se celebram os 500 anos da viagem de Fernão de Magalhães...

VAMOS FAZER UMA VIAGEM DE CIRCUM-NAVEGAÇÂO SEM SAIR DO AGRUPAMENTO.

 




A viagem de circum-navegação de

Fernão de Magalhães

 

Fernão de Magalhães ficou para a história como o primeiro homem a empreender a primordial e bem sucedida viagem de circum-navegação, sob os auspícios de Carlos I de Espanha.

Não é certa a data ou local do seu nascimento, que terá ocorrido cerca de 1480 no Norte de Portugal, possivelmente no Porto. Outras localidades como Sabrosa, Gaia e Ponte da Barca também reclamam como filho da terra.

Serviu na carreira da Índia, esteve ao serviço de vários governadores e no Norte de África entre 1505 e 1514.

Apresentado ao rei de Castela, Carlos I, (futuro imperador Carlos V) o seu projecto de atingir as terras das especiarias rumando a Ocidente, obtêm a sua aprovação.

A sua esquadra partiu de Sanlúcar de Barrameda em 20 de setembro de 1519 e, era composta por cinco navios e uma tripulação total de 234 homens, entre os quais alguns portugueses.

A viagem sofreu várias vicissitudes, desde o motim da tripulação, tempestades, o frio do Inverno, os confrontos com indígenas, as sucessivas tentativas para encontrar a passagem para o Oceano Pacífico, o que aconteceu em novembro de 1520.

Foi na ilha de Cebu, nas Filipinas, a 27 de abril de 1521 que Fernão de Magalhães morreu, às mãos de um chefe de uma tribo local, na sequência de mais um conflito.

A viagem prosseguiu sob o comando de Juan Sebastián Elcano. Apenas um navio regressou a Sevilha a 8 de setembro de 1522 com tão só 18 sobreviventes, um dos quais António Pigafetta, italiano que escreveu o diário da viagem.


quarta-feira, 5 de maio de 2021

 

A língua portuguesa no mundo

5 de maio- Dia da Língua Portuguesa

"Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa". (Fernando Pessoa, in Livro do Desassossego).

Comemora-se hoje o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), data instituída a 20 de Julho de 2009, por resolução da XVI Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP, realizada na Cidade da Praia, em Cabo Verde.

sábado, 10 de abril de 2021

 




No Dia Mundial do Livro, 23 de abril, a iniciativa ManiFESTA-te pela LEITURA regressa, em formato online, quebrando as barreiras físicas e incentivando à participação de todos na Marcha pela Leitura. 

Em 2019, o Plano Nacional de Leitura 2027 (PNL2027) organizou a primeira manifestação em defesa do livro, com o apoio de diversas entidades que se juntaram a esta causa. Os manifestantes encontraram-se na Praça Luís de Camões exibindo cartazes com palavras de ordem para lembrar a importância do livro, da leitura e da escrita. No ano passado, não foi possível realizar a Marcha pela Leitura devido às medidas decorrentes da situação de pandemia. 

Este ano, num registo a distância, convidamos todos a fazerem parte desta marcha, enquanto expressão individual e coletiva da valorização da leitura e, simultaneamente, um modo de partilhar o gosto de ler.  

Durante as próximas semanas serão disponibilizados diversos materiais customizáveis e publicáveis online pelos manifestantes através das redes sociais do PNL2027.  

As próximas stories no Instagram são para si.  

1. Toque e segure o dedo no ecrã.  

2. Faça a captura de ecrã.  

3. Importe as imagens para as suas stories 

4. Identifique @pnl2027, use #manifestatepelaleitura e partilhe nas suas redes.  

A partir do dia 5, participe no Quiz diário; a partir do dia 9, complete os Cartões sobre livros e autores; a partir do dia 16, comece a preparar o seu cartaz para a grande manifestação online de dia 23 

Neste contexto de celebração, veja ainda SE TU LESSES O QUE EU LI , 10 vídeos com leituras feitas por mediadores culturais, também disponíveis a 9 de abril. 

Junte-se a nós, participe! 

Divulgue o Manifesta-te pela Leitura! 

https://www.youtube.com/watch?v=oaEoARI9Fow&authuser=0


segunda-feira, 8 de março de 2021


8 de março

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Duas mulheres correndo na praia, Picasso


O dia 8 de março é, desde 1975, comemorado pelas Nações Unidas como Dia Internacional da Mulher.

Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas.

 Estas operárias, que recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas.


Mulher

«A mulher não é só casa

mulher-loiça, mulher-cama

ela é também mulher-asa,

mulher-força, mulher-chama

 

  E é preciso dizer

dessa antiga condição

a mulher soube trazer

a cabeça e o coração

 

 Trouxe a fábrica ao seu lar

e ordenado à cozinha

e impôs a trabalhar

a razão que sempre tinha

 

  Trabalho não só de parto

mas também de construção

para um filho crescer farto

para um filho crescer são

 

  A posse vai-se acabar

no tempo da liberdade

o que importa é saber estar

juntos em pé de igualdade

 

  Desde que as coisas se tornem

naquilo que a gente quer

é igual dizer meu homem

ou dizer minha mulher»

Ary dos Santos