CABEÇALHO-Pintura oferecida à Escola Secundária Augusto Cabrita, pelo pintor do Barreiro Kira, em homenagem ao seu amigo Augusto Cabrita.

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

 


A Velha à Soalheira ou a Arte de Contar e Ensinar

Na Soalheira da Cal, rente à parede a velha fazia magia com as palavras, os tons e os gestos. Primeiro um gaiato, depois outro, e outro, e ainda outro, e a soalheira transformava-se num palco.

velha à soalheira  faz parte do meu imaginário, do meu mundo e da minha matriz iniciática e educacional. Nasci, cresci, abalei e regresso sempre a um pequeno povo (a minha aldeia onde vivo sempre na memória e na pele) de contadores, oradores e educadores, gente de muitos recursos de oratória, de imaginação e de mangações.

A velha à soalheira, sentada na cadeira de buínho, rodeada de gaiatagem de bico aberto àvidos das suas lembranças, errâncias e andanças marcou-me para sempre. Quando  a velha toma, para nós gaiatagem, a palavra, torna-a mágica, embrulha-a ora em casquinha fina, ora em linho ou saragoça, modela-a com a voz ora musicada, ora esganiçada, ora ritmada e leva-nos a todos no  colo do avental pelo mundo da imaginação, do fantástico, do maravilhoso, da educação, da sensibilidade e do conhecimento.

- São bruxas malfazejas que pela calada da noite fazem-nos mijar os lençóis para sabermos que nos portámos mal nesse dia - função moral;

- São fadas boazinhas que nos vêm buscar, com ternura e de mansinho, os dentinhos podres e trazer os sãos - Função psicoterapêutica;

- São lobisomens que pela noite de lua cheia com os seus uivos e bater de cascos na calçada nos atemorizam - Função social e preventiva sobre os perigos;

- São os medos que aparecem no poço da aldeia à meia-noite - Função de Vigilância (não é hora para a gaiatagem andar na rua);

- São as feiticeiras que na passagem do ribeiro deslocam a passadeira de pedra e espetam com o passante na água - Função de alerta para os perigos e função de cuidado e preocupação;

- São as almas penadas que andam amaldiçoadas até alguém as ajudar a chegar ao céu - Função de despertar o desejo de ajuda ao outro que sofre;

- São as mulheres caminheiras da noite pelas estradas escuras, envoltas em vestes negras - Função de respeito pela vida do outro e também de algum temor em relação ao desconhecido (quem vai,vai e quem está, está!)

- São as canções de roda, de embalar, de trabalhar e de fazer sonhar - Função simbólica de identidade e também de alegria, convivialidade e aprendizagem,

- São os homens chifrudos com pés de bode que correspondem àquele de que não se pode pronunciar o nome - Função maníqueista (o bem e o mal).

É tudo isto que faz da velha à soalheira, aqui no branco do sul, acolá no escuro do norte, uma contadora da memória coletiva, um livro contado e aberto da identidade de um povo, uma transmissora de ensinamentos, responsos, moralidades e terapias com uma função e prática educativa que desperta na criança a curiosidade, a compreensão e a liberta dos medos ou a confronta com os seus anseios.

Esta velha leva a gaiatagem ao engano, ao engano educativo, formativo  que provoca a avidez de saber e compreender. Ajuda a gaiatagem na viagem iniciática para o amadurecimento. Ajuda pelo poder da palavra, da arte de contar e encantar, a gaiatagem a crescer aprendendo a "ouver" e alimentando a curiosidade para saber mais e mais.

A minha velha à soalheira corresponde à matriz da tradição oral em que a palavra, o cenário, a sugestão, a sedução e o gesto aparecem como "armas" com um poder comunicativo  enorme da mensagem e do conhecimento comunitário. É a memória e a identidade que viajam até nós pela palavra!

É também nesta matriz que muitos contadores da palavra lida se inspiram.

A minha velha à soalheira foi a minha conselheira e educadora.

O papel da minha velha à soalheira é didático, iniciático, ético e cognitivo.

                                                                                                         Domingos Boieiro 

 

quarta-feira, 21 de julho de 2021



Os trabalhos apresentados foram realizados pelos alunos do 10º, 11º e 12º anos de escolaridade, do Curso de Artes Visuais da Escola Secundária Augusto Cabrita, nas disciplinas de Desenho A e de Oficina de Artes. 

A paixão, a motivação e o empenho em querer aprender e descobrir o caminho da comunicação através da Arte é patente nos trabalhos expostos.

A efemeridade da existência, quando tudo é matéria e se transforma, torna-se necessário fazer com que as coisas prevaleçam no tempo e no espaço. Torna-se imprescindível o registo da vida, dos momentos perdidos, roubados e/ou doados. O diálogo através da Arte, sem ideias pré-concebidas, sem limitação entre o que se observa e o que é observado. O apreender o aqui e o agora, o PRESENTE.

Registo de momentos, sem tempo e espaço definidos, sem limites. A arte que projeta o desígnio das coisas, que é a expressão de sentimentos, emoções, onde a mudança não permite a estagnação, onde tudo se transforma, onde as impressões invisíveis são tornadas visíveis. Lugar onde se expressa a conflitualidade interior, latente, que perdura num quotidiano rotineiro, que muitas vezes é transfigurado através de uma aparente normalidade. A reflexão e as suas inúmeras variáveis… aquela que nos permite poder fantasiar o real, transformando-o num momento único, quer seja de prazer ou como forma de exorcizar a alma. Este processo único leva o artista a registar num suporte, seja ele qual for, todas assuas reflexões, envolvendo-se e envolvendo o espectador nesse mundo etéreo, sublime.

    Os alunos foram orientados pela professora Sandra Burt.














quinta-feira, 20 de maio de 2021

 






 

 

Dia Mundial da Diversidade Cultural e para o Diálogo e o Desenvolvimento 

21 de maio de 2021

 

Este dia foi proclamado, pela Assembleia Geral da ONU em 2002, “Dia Mundial da Diversidade Cultural e para o Diálogo e o Desenvolvimento” em comemoração da aprovação em 2001 da Declaração Universal da UNESCO sobre a Diversidade Cultural. A declaração da UNESCO estipula que a diversidade cultural é um património comum da humanidade.

O objetivo desta data é cultivar a compreensão da riqueza e importância da diversidade cultural, assim como incentivar o respeito pelo outro. Conhecer melhor as diferenças entre os povos permite obter uma maior compreensão das vicissitudes, assim como cimentar uma maior união.

Neste dia realizam-se atividades em vários países do mundo para celebrar a diversidade cultural.

Porque no nosso agrupamento estudam crianças e jovens com raízes culturais referentes a trinta nacionalidades e num momento em que se celebram os 500 anos da viagem de Fernão de Magalhães...

VAMOS FAZER UMA VIAGEM DE CIRCUM-NAVEGAÇÂO SEM SAIR DO AGRUPAMENTO.

 




A viagem de circum-navegação de

Fernão de Magalhães

 

Fernão de Magalhães ficou para a história como o primeiro homem a empreender a primordial e bem sucedida viagem de circum-navegação, sob os auspícios de Carlos I de Espanha.

Não é certa a data ou local do seu nascimento, que terá ocorrido cerca de 1480 no Norte de Portugal, possivelmente no Porto. Outras localidades como Sabrosa, Gaia e Ponte da Barca também reclamam como filho da terra.

Serviu na carreira da Índia, esteve ao serviço de vários governadores e no Norte de África entre 1505 e 1514.

Apresentado ao rei de Castela, Carlos I, (futuro imperador Carlos V) o seu projecto de atingir as terras das especiarias rumando a Ocidente, obtêm a sua aprovação.

A sua esquadra partiu de Sanlúcar de Barrameda em 20 de setembro de 1519 e, era composta por cinco navios e uma tripulação total de 234 homens, entre os quais alguns portugueses.

A viagem sofreu várias vicissitudes, desde o motim da tripulação, tempestades, o frio do Inverno, os confrontos com indígenas, as sucessivas tentativas para encontrar a passagem para o Oceano Pacífico, o que aconteceu em novembro de 1520.

Foi na ilha de Cebu, nas Filipinas, a 27 de abril de 1521 que Fernão de Magalhães morreu, às mãos de um chefe de uma tribo local, na sequência de mais um conflito.

A viagem prosseguiu sob o comando de Juan Sebastián Elcano. Apenas um navio regressou a Sevilha a 8 de setembro de 1522 com tão só 18 sobreviventes, um dos quais António Pigafetta, italiano que escreveu o diário da viagem.


quarta-feira, 5 de maio de 2021

 

A língua portuguesa no mundo

5 de maio- Dia da Língua Portuguesa

"Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa". (Fernando Pessoa, in Livro do Desassossego).

Comemora-se hoje o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), data instituída a 20 de Julho de 2009, por resolução da XVI Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP, realizada na Cidade da Praia, em Cabo Verde.